Nesta semana, a Escola de Matemática Aplicada da Fundação Getulio Vargas (FGV EMAp) foi protagonista na cerimônia de premiação do edital “Jovem Cientista Mulher”, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ). A entidade realizou, na sede da Academia Brasileira de Ciências (ABC), no Rio de Janeiro, o encontro “Meninas e Mulheres na Ciência: avanços e perspectivas” e Maria Soledad Aronna, Professora Associada da FGV EMAp, foi uma das agraciadas.
Maria Soledad Aronna, Professora Associada da FGV EMAp, ganhou prêmio especial da FAPERJ - Foto: Arquivo Pessoal
O evento é parte das celebrações do Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, celebrado em 11 de fevereiro, e foi escolhido para marcar a entrega do termo de outorga para pesquisadoras do edital. Soledad Aronna foi uma das únicas da área de Ciências Matemáticas a receber a honraria em um total de 70 cientistas de Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) de todo o estado fluminense a serem premiadas.
Os projetos contemplados se distribuíram por cada um dos três colégios estabelecidos pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). A obra de Soledad Aronna - “Novos métodos de Controle Ótimo visando aplicações em Biologia e Aprendizado por Reforço” - se enquadra no colégio de Ciências Exatas, Tecnológicas e Multidisciplinares e receberá o investimento de até R$700 mil por três anos da FAPERJ.
Os recursos financeiros poderão ser utilizados para o estabelecimento e melhoria de infraestrutura, e para despesas previstas nos projetos de pesquisa apresentados. Em 2023, Soledad Aronna se destacou por seu projeto inovador que alinhou Matemática Aplicada com a Biologia Matemática. Um dos pré-requisitos da FAPERJ é a interdisciplinaridade.
A contribuição
Sua obra aborda tópicos distintos nas áreas de Controle Ótimo de maneira a se obter um estudo de otimalidade para problemas de controle com incerteza nos parâmetros e para sistemas de controle em grafos.
Maria Soledad foi destaque em premiação na Academia Brasileira de Ciências nesta semana - Foto: Arquivo Pessoal
“Além do desenvolvimento teórico, visamos estudar problemas relacionados ao controle de doenças e pragas, como a otimização de estratégias de vacinação e o controle biológico de insetos”, explica Soledad Aronna sobre o projeto que abarca oito alunos, desde graduação até pós-doutorado na FGV EMAp.
De fato, o Controle Ótimo tem sido amplamente utilizado em diversas áreas, como Economia, Engenharia Aeronáutica, Engenharia Espacial, Engenharia Mecânica, Medicina e em particular, na Biologia e Epidemiologia.
A Biologia Matemática, em especial, inclui a subárea de Modelagem Epidemiológica, que trata da análise de problemas relacionados a doenças transmissíveis. “A necessidade de modelos e ferramentas matemáticas no estudo de doenças e diversos fenômenos biológicos tem crescido rapidamente ao longo do tempo, especialmente nas últimas décadas e notavelmente nos últimos anos, com a pandemia de COVID-19”, complementa a pesquisadora.
Importância da FGV para sua pesquisa
Nascida em Rosário, na Argentina, Soledad Aronna se estabeleceu no Brasil após concluir seu doutorado na França e passar um período de experiências acadêmicas na Itália e na Inglaterra. Em 2014, ela conseguiu seu Pós-Doutorado no IMPA e, quatro anos depois, recebeu a bolsa Capes/Humboldt para pesquisadores experientes.
A vinda para a FGV EMAp ocorreu em 2015 e, quatro anos depois, foi nomeada Coordenadora de Graduação em Matemática Aplicada, posição que ocupou até 2023. Hoje, ela também faz parte da Diretoria da Sociedade Brasileira de Matemática Aplicada e Computacional (SBMAC) como 1ª Secretária.
Conquistar o Prêmio da FAPERJ é um incentivo a mais para Soledad Aronna seguir no objetivo de formar profissionais para a área de Biologia Matemática. “Foi uma grande honra receber esta distinção. O financiamento vai permitir fortalecer o grupo de Controle Ótimo, que venho montando com muito esforço há vários anos. O reconhecimento da FAPERJ é muito importante para os próximos anos da minha carreira”, opina.
Maria Soledad está na FGV EMAp desde 2015 e foi uma das únicas pesquisadoras de Ciências Matemáticas a ganhar prêmio da FAPERJ - Foto: Arquivo Pessoal
A estrutura e o método de trabalho da FGV também foram lembrados pela pesquisadora após receber a premiação da FAPERJ. Para Maria Soledad, a EMAp está se posicionando nos lugares mais elevados da ciência brasileira.
“A FGV EMAp tem se tornado um ambiente ideal para fazer pesquisa. Os professores da Pós-Graduação têm relativamente baixa carga horária de docência, apoio financeiro para participação em eventos científicos e recebimento de visitantes, e acesso a alunos excelentes. Tudo isso abre o caminho para se dedicar à pesquisa em tempo quase completo e se envolver em projetos ambiciosos”, avalia.
Finalmente, Maria Soledad espera que o Prêmio da FAPERJ continue estimulando as jovens matemáticas que iniciam na profissão acadêmica.
“Os professores são exemplos para os alunos. Representamos muitas vezes modelos a seguir. Se hoje eu, ou qualquer professor da casa, recebemos um reconhecimento, isso fica na cabeça dos mais jovens, como uma meta a ser alcançada. Em particular, para as alunas mulheres, ter uma professora com visibilidade e boa projeção acadêmica, faz com que elas se sintam capazes de conseguir as mesmas coisas. Num ambiente tão masculino, tais iniciativas de reafirmação positiva, como o Edital Jovem Cientista Mulher da FAPERJ, são de extrema importância”, conclui a Professora da FGV EMAp.