Geoffrey Hinton, conhecido como o “padrinho da Inteligência Artificial”, orientou Alberto Paccanaro em seu doutorado na Universidade de Toronto.
Reconhecido como o “padrinho da IA”, Geoffrey Hinton foi anunciado como um dos ganhadores do Nobel 2024 em Física | Foto: Reprodução
A Escola de Matemática Aplicada da Fundação Getulio Vargas (FGV EMAp) celebra a conquista do Prêmio Nobel de Física em 2024 por Geoffrey Hinton, orientador do trabalho de doutorado do professor Alberto Paccanaro. A premiação, anunciada em 8 de outubro, reconheceu dois pesquisadores por suas contribuições pioneiras no desenvolvimento de métodos que fundamentam a Inteligência Artificial (IA). De acordo com a Real Academia Sueca de Ciências, entidade responsável pela premiação, Geoffrey Hinton criou um método inovador para identificar propriedades nos dados de forma autônoma, permitindo a realização de tarefas como a detecção de elementos específicos em imagens. O outro vencedor do prêmio, John Hopfield, foi responsável pela criação de uma memória associativa capaz de armazenar e reconstruir imagens e outros padrões complexos, ampliando as fronteiras da IA.
Paccanaro, que desde 2020 integra o corpo docente da FGV EMAp, conheceu Hinton em 1996, quando foi aprovado para o doutorado na Universidade de Toronto (UoT), onde o Nobelista lecionava. Os dois trabalharam juntos por cinco anos, tanto em Toronto, no Canadá, quanto em Londres, na Inglaterra, onde Paccanaro teve a oportunidade de vê-lo fundar o Centro de Pesquisa Gatsby Computational Neuroscience Unit na University College London (UCL).
“Ficamos três anos em Londres, e foi uma experiência extremamente enriquecedora. Ele é uma pessoa inspiradora, com uma inteligência impressionante. Trabalhar ao seu lado foi um aprendizado constante, mesmo que os desafios fossem grandes em muitos momentos”, relembra Paccanaro.
Alberto Paccanaro desenvolveu sua tese, que propôs novos métodos para resolver o problema de generalização em dados relacionais, sob a orientação de Geoffrey Hinton | Foto: FGV EMAp
O pesquisador, que obteve seu PhD em Ciência da Computação em 2002 com a tese intitulada “Learning distributed representations of concepts from relational data using linear relational embedding”, expressou sua surpresa e alegria ao saber que seu orientador havia recebido o Prêmio Nobel de Física. Embora Hinton seja amplamente conhecido como cientista da computação, o prêmio reflete suas contribuições que ultrapassam essa fronteira, abrangendo métodos que desafiam conceitos tradicionais da física.
“Hinton desenvolveu modelos inspirados em sistemas físicos, o que permitiu uma nova compreensão das redes neurais artificiais. Essas redes revolucionaram o aprendizado de máquina em diversos setores, como saúde, finanças e tecnologia, e foram fundamentais para o desenvolvimento da IA”, explicou Paccanaro. Ele acrescentou que muitas das tecnologias que usamos hoje, como tradutores automáticos e Large Language Models como o ChatGPT, são possíveis graças às redes neurais, campo em que Hinton foi pioneiro.
“Ele se dedicou intensamente ao desenvolvimento dessas tecnologias, e grande parte do progresso na área se deve ao seu trabalho e ao de seu grupo de pesquisa. O Nobel foi uma escolha muito acertada, reconhecendo suas contribuições revolucionárias”, afirmou.
Nascido em Londres, Geoffrey Hinton atuou como professor da Universidade de Toronto (Canadá), além de ter atuado como consultor no Google | Foto: Reprodução
Hinton impactou a maneira como o professor da FGV EMAp encarou sua pesquisa científica. “Aprendi não só a selecionar problemas científicos importantes, mas também a abordá-los com o rigor necessário. Hinton me ensinou a apresentar resultados e escrever artigos de forma clara e precisa. Sua energia contagiante, com inúmeras ideias e entusiasmo sem igual, fizeram toda a diferença na minha formação”, destacou.
Mesmo após anos de colaboração acadêmica, Paccanaro e Hinton mantêm contato, trocando ideias e reflexões sobre os rumos da inteligência artificial. Na FGV EMAp, Paccanaro continua a aplicar os princípios e técnicas aprendidos com Hinton para impulsionar pesquisas interdisciplinares, combinando biologia, ciência de dados e inteligência artificial. Ele lidera o PaccanaroLab com estudos que exploram novas técnicas teóricas/estatísticas de aprendizado de máquina para resolver problemas em biologia computacional, medicina e farmacologia, mantendo vivo o legado de Hinton de inovação e busca por soluções transformadoras.
A presença de um professor com formação sob a tutela de um Nobelista reforça a relevância da FGV EMAp como um centro de pesquisa de vanguarda, capaz de atrair talentos e oferecer ensino de alta qualidade.